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O TDAH é a condição crônica de saúde de maior prevalência em crianças em idade escolar. Provavelmente, a cada duas crianças, uma possui TDAH. A doença tem grande impacto no ajustamento educacional da criança e acarreta num risco de fracasso escolar 2 a 3 vezes maior do que o risco de outra criança sem dificuldades escolares porém com inteligência equivalente. As estatísticas apontam que há atrasos em toda a vida escolar dessas crianças: elas ficam de recuperação, necessitam de aulas de reforço e podem nunca vir a terminar o Ensino Médio regular. 

Luciana Fiel, professora do Curso Online UOV A Criança e o TDA/H, relata que a escola dificulta a vivência e o desenvolvimento das crianças com TDAH, visto que a falta de autocontrole e a desatenção se intensificam em situações de grupo.

As dificuldades de ajustamento perante as demandas escolares ocorrem na área de aprendizagem e na área social. A escola exige que a criança fique parada e se concentre em tarefas monótonas, repetitivas e não motivacionais.

Devido à dificuldade com regras e autocontrole, o comportamento da criança com TDAH é imprevisível e ela vai se diferenciar das demais. Assim, todos estarão cientes de quem ela é e dos “problemas” que ela causa, o que leva à interpretação dessa criança como desobediente.

É difícil para os professores dar atenção individualizada e conseguir acompanhar de perto as dificuldades da criança. O ideal é instrumentalizar o professor para o reconhecimento do TDAH, de modo que ele tenha noção clara de suas dimensões e sintomas. A hiperatividade e a impulsividade são algumas das dimensões do TDAH, assim como a desatenção.

Algumas crianças são mais desatentas que outras, mas o que as diferencia é a intensidade dos distúrbios, assim como sua frequência. Nessas condições, as crianças podem se tornar desorganizadas, deixando de realizar as tarefas e esquecendo-se de entregar trabalhos escolares. Realizar lições de casa costuma ser uma atividade muito desgastante.

No que diz respeito à dimensão da hiperatividade e da impulsividade, ocorre inibição motora deficiente, dificuldade em sustentar comportamentos inibitórios, atividades motoras e verbais excessivas e irrelevantes. A criança movimenta-se todo o tempo, não dá atenção para o que está sendo ensinado, é impaciente e desassossegada. Sua impulsividade é considerada por muitos “anormal”: coisas são ditas fora de contexto, mesmo a criança sabendo que não deveria tê-las dito. Os impulsos colocam-nas em conflito com os professores e com os colegas. O descontrole emocional acarreta também em alterações de humor, que quase sempre não são esperadas.

O TDAH, isoladamente, não está ligado a dificuldades de aprendizado. Ao contrário, é um distúrbio de realização. As crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldades em se sair bem na escola devido ao impacto dos sintomas, por isso o TDAH é frequentemente apresentado como um problema de aprendizagem, uma concepção errônea.

O rendimento dos portadores de TDAH será inferior ao dos colegas, embora o QI possa ser o mesmo – ou até maior. Isso acontece devido a um fenômeno que se relaciona à baixa expectativa: essa baixa expectativa leva ao baixo desempenho, que reduz ainda mais a expectativa e por conseguinte desqualifica cada vez mais o desempenho. Resulta-se no espiral de perda de qualidade que reflete na sala de aula e na vida da criança.

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Fonte: Comunidade Aprender Criança – aprendercrianca.com.br
por Renato Rodrigues